Depoimentos de quem já participou

Grupo Beija Flor


Visita a Fraternidade Irmã Clara / Caso de Rita

Curiosamente no sábado (28/06/2003) DEUS me colocou no caminho de uma amiga chamada Rita.

Ela tem 37 anos, tem problemas de coordenação motora / física e precisa muito de ajuda.

No sábado, eu passei no caixa eletrônico, saquei dinheiro para comprar alguns docinhos para levar à festinha da Fraternidade Irmã Clara.

Fui em direção ao pão de açúcar na Teodoro Sampaio e reparei uma senhora (apesar dos 37 anos aparenta mais idade) sentada na calçada rabiscando alguns cadernos e com algumas flores na sua frente.

Num primeiro instante, me pareceu que tivesse problemas mentais.

Segui em frente até o pão de açúcar, comprei os docinhos e sai para pegar o ônibus.

Algo me dizia para parar e conversar com ela.

Reparei que as pessoas olhavam mas, no meio da correria, não paravam.

Fiz tantas vezes isso...

nunca parei para entender o que acontecia ou o que as pessoas estavam fazendo para estarem ali...

Senti muitas vezes pena mas nunca me ofereci para entender e ajudar.

Parei !!!

Ela olhou para mim com um ar de O que foi ???.

Perguntei se ela estava vendendo as flores: - Com muita dificuldade, ela respondeu que estava vendendo sim.

Perguntei o preço e ela me disse: - R$5,00.

As flores eram artificiais...

eu não queria as flores...

Perguntei seu nome.

Ela respondeu: - Rita.

Ela me perguntou meu nome e respondi.

Pensei que ela não ia guardar.

Estava atrasado para a comemoração dos aniversariantes do mês na fraternidade e não estiquei a conversa.

Perguntei se ela precisava de alguma coisa e ela me respondeu...

Lápis de Cor...

Antes de ir, ela me falou: - Volte aqui amanhã.

Falei que não poderia pois teria que ir longe...

não sei porque respondi aquilo pois não tinha nenhum compromisso nesse domingo.

Antes de ir, perguntei se ela se lembrava do meu nome e ela respondeu: - Renato.

Não sou deficiente mental, meu problema é somente físico.

Fui embora pensando em chegar rápido na fraternidade e me lembrei de quando você falou na saída da distribuição dos lanches que quando prometemos devemos cumprir.

Perguntei se ela tinha telefone e como poderia encontrá-la e ela disse que não tinha.

Ali era o lugar.

Fui para a festa e foi maravilhoso.

Me diverti, cantei parabéns, dancei com a Cecis, brinquei com os órfãos e com as crianças do orfanato São Sebastião e da fraternidade.

Já estava me preparando para um rodeio...

era pião boiadeiro pra cá e pra lá.

No domingo, minha mãe me pediu que olhasse o chuveiro pois não estava funcionando.

Tirei o chuveiro e não consegui...

logo vi que precisaria comprar outro.

Logo pensei...

onde vou encontrar um chuveiro em pleno domingo e minha mãe falou que somente em shopping ou grandes casas como Carrefour e outras.

Pensei logo no pão de açúcar da Teodoro Sampaio.

Fui com a esperança de encontrar a Rita.

Dito e feito.

Entrei no pão de açúcar primeiro, comprei o chuveiro (achei que não ia ter), vi o preço do lápis de cor, mas não comprei.

Comprei uma coca cola, uma batata frita e uma bolacha wafer de chocolate.

Sai e parei na calçada para conversar com minha amiga Rita.

Perguntei se lembrava do meu nome e ela logo respondeu.

Fiquei surpreso mas feliz.

Lhe dei a coca, a batata e a bolacha.

Ela aceitou mas me falou que não podia comer a batata e a bolacha pois ela não tem nenhum dente devido a quantidade de remédios que tomou em seu tratamento e tinha medo de engasgar.

Ela estava colocando suas coisas em cima de um carrinho do supermercado e a ajudei.

Perguntei onde ela estava indo e ela me falou que estava indo almoçar.

Perguntei o que ela comia...

ela respondeu: arroz c/ macarrão picadinho.

Disse que havia comprado o chuveiro e que mais tarde voltaria com um amigo.

Ela respondeu que ficaria ali.

Fui para casa, coloquei o chuveiro, liguei para um amigo e fomos juntos conversar mais um pouco, saber mais sobre aquela mulher.

Descobrimos muitas coisas que nos deixou mais certo ainda que DEUS nos colocou em seu caminho para ajudar.

Ela mora sozinha em uma pensão na Bela Vista... paga com a aposentadoria que recebe de R$ 250,00 por ser inválida.

Ela morava num albergue mas não era bem tratada.

Um amigo arrumou essa pensão.

Ela está de férias pois estuda na Lapa, faz o módulo 2 dos 4 que aparentemente significa o primário (4ªsérie).

No sábado, ela havia me relatou que gostaria muito de arrumar um trabalho pois ali não conseguia nada.

No domingo, ela demonstrou interesse por um curso de informática.

Eu e meu amigo sentamos na calçada e ficamos mais de 1 hora conversando com ela.

Levei um calça de moleton pequena e novinha que a muito tinha guardada.

Ela perguntou se poderia me pedir uma coisa...

Eu disse que sim...

ela disse: - você não me arruma uma televisão ?

pois assim eu me ocupo e esqueço de algumas coisas...

É um pouco difícil entender o que ela diz pois ela precisa se esforçar bastante para falar.

Acaba que babando um pouco e as vezes um cuspinho acaba voando...

mas isso não importava de maneira nenhuma.

Meu irmão está voltando de Minas Gerais após o falecimento de meu pai, e naquela mesma manhã de domingo, minha mãe havia me comentado que ficaríamos com uma televisão sobrando e que doaríamos para alguém que precisasse.

Não acreditei no pedido dela mas logo disse que DEUS irá lhe enviar uma TV, não nova, mas uma que ela poderia assistir tudo.

Ela me contou que não tem nada em casa e que precisava de geladeira e fogão.

Tem muito mais mas ficaria a tarde toda escrevendo aqui...

Não consigo tirá-la da cabeça...

Já conversei com uma amiga e parece já consegui alguma coisa...

ainda não sei o que.

Gostaria de sua ajuda pois me lembrei do tratamento dentário que o grupo conseguiu atendendo a cartinha do Papai Noel.

Não sei se conseguiremos ajudar em tudo mas minha idéia era tentar arrumar roupas, um tratamento dentário (bem provavelmente uma dentadura), um curso de informática e quem sabe um emprego.

Irei mandar arrumar a televisão pois o cabo da antena está quebrado e em breve vou levá-la até sua casa.

Quero muito conhecer onde ela mora.

Uma coisa me fez muito feliz.

Quando estava indo embora, ela virou para mim e disse que eu havia enchido ela de esperança.

Eu respondi que não era eu, era DEUS que estava olhando por ela.

Não consigo tirar o sorriso dela da minha cabeça.

Lhe agradeço muito por abrir meu coração e ter me mostrado o quanto eu posso fazer a diferença.

Valeu mesmo Grupo Beija Flor !!!

Um grande abraço

Renato

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