Depoimentos de quem já participou

Grupo Beija Flor


Visita a Fraternidade Irmã Clara - São Paulo , 29 de Fevereiro de 2004

Todo último sábado de cada mês algumas pessoas do Grupo Beija Flor visitam as crianças da FIC (que cuida de crianças excepcionais). 

Neste dia, eles fazem a comemoração dos aniversariantes de cada mês. É servido bolo para as crianças (e para quem vai também), misturado com guaraná para ficar mais dissolvido e isso facilita a mastigação das crianças.

Todas as vezes em que lá estive, ficava apenas ao lado das crianças, passava a mão no rosto, sem saber muito o que fazer e por várias vezes levei um fantoche para brincar, mas para ser sincero não é a minha praia, porque eu mais me perdia com o boneco do que brincava..

Em todas as visitas, a minha maior preocupação sempre foi com os voluntários novos, será que estão bem, como estão se sentindo os que estão indo pela primeira vez etc, etc, etc.

Fizemos apenas uma chamada pelo Siteamigo este mês e por acaso não tivemos voluntários novos e os que foram, estavam indo já a algum tempo conosco.

Nesse último sábado, a princípio foi uma correria, pois eu teria que estar na FIC às 13:00hs, mas algumas atividades pela manhã mudaram o meu ritmo, mas mesmo assim consegui chegar às 13:04hs, pois lá, eles servem o bolo 'pontualmente' às 13:00hs.

Enfim, assim que cheguei lá, eles estavam cantando músicas infantis.

Fiquei a vaguear o meu olhar para os que estavam cantando e pensava comigo (como já tinha feito várias vezes) será que as crianças entendem o que estão cantando, olhava um, olhava outro, e observava a expressão de cada um ali, que era como se as crianças estivessem cantando com eles.

Naquela hora me senti estranho, eu me achei fora daquele mundo, claro, era óbvio que as crianças entendiam e entendem tudo o que é falado para elas, eu era quem não entendia.

Tudo isso aconteceu em uma fração de segundos, tudo rodava na cabeça até que um momento, uma das crianças ao me ver, me chamou pelo nome bem alto 'Eduuuuuu'. Pensei comigo, como ela se lembrou de mim, pouco falo, vou apenas 1 vez por mês...

Na hora a minha alegria foi imensa, é muito bom quando somos lembrados. Em seguida eu tirei uma foto dela, a Sirlene. Cheguei perto e dei um beijo.

Como a máquina é digital, você consegue ver a foto na hora e mostrei para ela. Abriu um belo sorriso e começou a rir para mim.

Na seqüência olhei para outra criança a Patrícia. Não sei dizer ao certo a idade das crianças. Houve uma vez que eu estava sentado ao lado dela e quando ela ia comer, caia um pouco no babador e um pouco ela conseguia comer. Ofereci ajudá-la, mas ela segurava tão forte a colher que não me deixou.

Patrícia e Sirlene são algumas das crianças que conseguem comer sozinhas.

Todos os voluntários da casa são treinados para dar comida para as crianças, eu quase nem tento porque vou lá apenas para dar um oi, tentar conversar etc.

Mas vou ser sincero, fiquei com vontade de ajudar, então sentei ao lado da Patrícia e falei para ela.

E ai esta gostoso ? Ela me olhou, abriu um sorriso e abaixou um pouco a cabeça, como quem diz um sim.

Eu disse a ela, hoje não vou insistir, mas como está caindo um pouco do bolo, se você quiser eu poderia te ajudar, pode ser ?

Peguei na mão dela e para a minha surpresa ela soltou a colher.

Comecei aos poucos a dar na boca dela. Nas primeiras duas vezes também deixei cair um pouco, mas depois peguei a prática e comecei a reparar que as vezes ela ria sozinha. Não entendi o porque, acabei olhando para os lados e percebi que algumas pessoas faziam sinal para ela como quem diz, Ai sapeca, aproveitando né???

E fiz o mesmo, eu disse, mas você é malandrinha né, fez isso só para eu te dar na boca ??? E ela me abriu um belo sorriso e deu uma gargalhada.

Na seqüência havia um garoto que começou a chorar. Peguei em sua mão , fiz um carinho entre seus dedos e ele começou a sorrir, parou de chorar.

Comecei então a passar por quase todas as crianças. Eu sempre fazia isso, mas desta vez foi diferente.

Por final cheguei na Sirlene novamente. Ela era a última que ainda esta comendo bolo.

Ela estava tentando pegar o bolo, mas não consegui fixá-lo em seu garfinho. Olhou para mim e falou algo que eu não entendi. Cheguei mais perto e peguei seu garfo e a ajudei na finalização de seu bolo.

E aproveitei e disse a mesma coisa, mas você é malandrinha né ? Ela me deu uma bela gargalhada.

Quem não gosta de um mimo, não é mesmo ?

Quando estava na hora de ir embora (nem vi a hora passar e já haviam se passados quase 2 horas), comecei a perceber um ar estranho no local, estava tudo tão calmo, parecia tudo tão diferente das outras vezes que eu já tinha ido.

Na realidade eu acho que o local estava como sempre esteve, eu é que tinha dado a oportunidade de poder sentir o carinho que as crianças nos oferecem quando realizamos uma visita. 

Foi uma sábado super gostoso, curti pacas dar comida para eles, brincar e aprender que eles entendem tudo o que falamos, mesmo sem nos dar uma palavra.

O meu mundo que era diferente, agora posso entendê-lo melhor.

Obrigado Senhor, pela oportunidade.

E você ? Já pensou o quanto pode aprender também. Junte-se também a nós, participe das atividades do Grupo Beija Flor.

grande abraço
Eduardo

Vejam abaixo também o que aconteceu com a Cecília - ceciliac@br.ibm.com

Edu,
Faço questão de dividir com você .. Você viu que não estava muito legal no sábado e ocorreu um fato que muito me impressionou .

Lembra da sapeca da Gisele ?! 

Então , em um instante ela me chamou levantando os braços, emitindo sons e abrindo aquele sorriso mágico ... não deu outra fui até ela ... 

Com lágrimas nos olhos neste instante , ela deitou a minha cabeça em seu colo ...e passou a sua mão na minha nuca ...

Neste momento chorei com vontade ...não foram mais do que 5 minutos , mas me senti protegida por ela ... parecia que ela queria me passar calma, energia, sei lá .. foi mágico ... 

Você precisava ver como ela me olhava ...

Foi um dos melhores carinhos que recebi em minha vida .

Aquela menina vale ouro e naquele instante foi um anjo para mim ...

beijos
Cecília

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