A Modéstia e a Humildade

As pessoas têm um receio enorme em reconhecer as próprias qualidades. 

Envergonham-se diante da perspectiva de demonstrar suas habilidades, assumir os próprios talentos. 

É a confusão entre humildade e modéstia. 

Alguns acham que modéstia é virtude. 

Culturalmente, aprendem não ser nobre assumir as próprias qualidades.

O adequado é ser discreto, negar, não se envolver com elogios. 

Se alguém questiona sobre o sucesso de algum empreendimento, o ideal é desconversar. 

Afinal, para ser bem visto, o importante é não chamar a atenção. 

Mas fazer questão de não ser notado é uma forma sutil de querer ser notado. 

É se valorizar, se desvalorizando. 

É chamar a atenção não chamando a atenção. 

É demonstrar superioridade não assumindo ar de superior. 

A vaidade cria a modéstia que é a própria auto-estima disfarçada. 

A não-vaidade é melhor definida com o termo humildade.

A verdadeira nobreza consiste em ser humilde. 

Ser humilde é ser natural. 

Você nem faz questão de elevar as próprias qualidades, como também não deseja escondê-las. 

Ser humilde é ser sincero, lidar com os fatos da forma como eles são. 

É ser autêntico. 

Ser humilde é não se preocupar em chamar a atenção para si, mas também não evitá-la. 

Afinal, ambas as situações buscam reconhecimento e notoriedade. 

Ser humilde é reconhecer os próprios limites e não se iludir quanto a eles. 

É assumir as incapacidades mas procurar superá-las. 

Muitos enfatizam os próprios defeitos apenas para chamar a atenção. 

Tornam-se as próprias vítimas, exigindo reconhecimento, consideração e até piedade. 

Mas ser humilde não é enfatizar pontos fracos. 

Ser humilde é possuir a capacidade de reconhecê-los e procurar melhorar. 

No entanto, ser humilde é também valorizar as próprias virtudes e competências. 

Da mesma forma que é importante reconhecer os limites, é vital assumir e valorizar as próprias capacidades. 

Afinal, não é pecado algum desenvolver habilidades. 

Pelo contrário, cultivar os próprios dons e talentos é na verdade uma obrigação pessoal. 

Não podemos desprezar nossa vocação quando possuímos mérito para realizá-la. 

Afinal, quem não se sente orgulhoso em ser reconhecido por algo que lhe é verdadeiro? 

Não vale a pena ser tímido diante do que somos naturalmente capazes.

Perderemos oportunidades valiosas que poderiam ajudar o próprio crescimento sendo retraídos demais. 

É necessário acreditar em si mesmo, aprendendo a receber, ser amado, aceitar elogios quando merecidos. 

Só podemos contribuir genuinamente para o crescimento dos outros com autoconsciência e valorização da nossa própria maneira de ser. 

Devemos ser humildes, sem falsidade ou modéstia. 

Ser natural, reconhecendo nossas fraquezas, mas assumindo de forma sincera as
próprias qualidades são essenciais rumo a um processo de crescimento e amadurecimento autêntico. 

Afinal, dizem que é dando que recebemos, mas devemos dar a nós mesmos para ter o que dar aos outros. 

Moacir Castellani


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