Como começou o Grupo Beija-Flor

Era Páscoa de 1998, eu fui até o supermercado comprar ovos de Páscoa para minhas duas filhas e os coloquei no banco traseiro do meu carro.

Enquanto esperava a abertura do semáforo, fui abordada por uma menina com cabelos cacheados e despenteados pedindo: 

- Tia, me dá um dinelo?

Mas não se passou nem um segundo após o fim da frase e seus olhinhos viram os ovos no banco traseiro. 

- Dá um ovo pra mim? E nunca comi um ovo de Páscoa. 

Sentida pela situação, prometi voltar e trazer ovos no dia seguinte. Pedi para que ela me esperasse no mesmo local. O semáforo abriu e continuei meu caminho, até a empresa que eu trabalhava. 

No dia seguinte, fiz novamente o mesmo caminho para entregar os ovos prometidos. Ela estava me esperando e eu, ingenuamente, comprara ovos pensando nela. Quando dei o primeiro ovo, não percebi que atrás daquela criança estavam vindo outras crianças, dizendo:

- Tia, cadê o meu, o meu. Também quero um, tia. Tia, tia... e o meu.

Chorei muito durante a noite, não conseguia me conformar e nem esquecer aquela cena.

No dia seguinte, eu estava com aquela cara... No serviço todos estranharam, pois sou uma pessoa muito risonha, e para cada um que eu contava a história, uma lágrima escorria pela minha face. Sem querer, logo emocionara tanto a todos, que se ofereceram para me ajudar. Deram vários tíquetes-refeição, e uns foram contando para os outros e outros e assim no final do dia eu tinha quinhentos reais na mão.

Minha felicidade era imensa, só pensava nos ovos que iria comprar: 

- Vou comprar muitos ovos! - falei para minhas colegas.

Para minha surpresa, uma colega virou e retrucou: 

- As crianças têm fome de comida, não de ovo. 

Sentindo-me paladina da justiça, resolvi comprar alguns ovos a mais e com o restante do dinheiro comprar alimentos para uma instituição.

Fui visitar a Instituição Filantrópica Parábola (há nesse livro histórias específicas sobre essa Instituição). Nessa instituição, havia muitas crianças, o que me deixou radiante, pois havia comprado trinta quilos de arroz, feijão e mais alguns mantimentos.

Tinha planos de dividir a comida para quatro instituições, mas, para minha surpresa, descobri que o volume da comida só daria para eles e, mesmo assim, não por muitos dias, eles são muitos.

De surpresa em surpresa, dividi com todos os doadores as minhas surpresas, incorporadas no e-mail de agradecimento que enviei a todos eles. Da troca de idéias que surgiu naturalmente desse movimento de surpresas e e-mails, nasceu a idéia de montar um grupo.

A partir desse dia passamos a fazer reuniões duas vezes por semana. Com o passar do tempo, o grupo foi se modificando até que tivemos a idéia de colocá-lo no Siteamigo, no qual ele se tornou mais conhecido e confiável pela clareza do que lá é apresentado.

Atualmente, o grupo conta com colaboradores dos mais variados lugares do Brasil. Além disso, o Grupo Beija-Flor já conta com uma filial, o Grupo Beija-Flor de São Jose dos Campos.

Várias pessoas que trabalhavam juntas conosco na empresa, não estão mais, mas cada uma levou consigo o espírito da Parábola do Beija-Flor e, onde quer que se encontrem, estarão sempre fazendo a sua parte.

Vera Lucia Magalhães Gomes

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