Em Torno da Caridade

Quase todos nós, consideramos acertadamente que tudo vem de Deus e retorna a Deus.

Sendo assim, impossível desconhecermos a lei da solidariedade que resulta disso.

Solidariedade, onde encontramos o princípio expresso da sensibilidade da qual fomos dotados, possibilidade que nos faculta compartilhar os males de outrem, tomá-los em sentimento de piedade e aliviá-los.

Muitos vêem na caridade apenas o ato de dar-se algo a alguém, raros no entanto, vêem na caridade a grandeza moral, que deve resultar desse ato.

Existem na terra aqueles que fazem discriminação da caridade, por achá-la corruptora da lei do progresso, do esforço.

Achando que todo ato de benevolência deva ser dirigida no intuito de esclarecimento do homem, através da palavra, dos sábios conselhos, enfim, através de diretrizes visando o levantamento moral da criatura.

Sem dúvida, os que assim pensam tem razão, se o motivo da aflição do ser tem uma causa moral, se tem sua raiz nascendo de uma ferida no coração,; mas e se tivermos a fome, o frio, a doença por causas, bastarão doces palavras para acalmá-las, consola-las? Conselhos, opiniões chegarão realmente a curá-las?

Temos aquelas outras caridades: - o sorriso de afabilidade ao companheiro irritadiço que a vida nos trouxe ao convívio; a palavra que estimula aos que se encontram no fim da esperança; a indulgência face ao espinho da ofensa cravada em nossos corações. Jamais prescindiremos de algum desses recursos, se não de todos; motivo pelo qual não podemos negá-los a ninguém.

Em torno da caridade as mãos que sangraram em seu divino mister, são abençoadas.

Em torno da caridade, quem algo possui, alguma coisa pode dar; quem alguma já conhece, algo pode fazer.

Louvemos o presente trabalho, levado a efeito por um grupo de corações generosos que se entregaram a prática do bem, espalhando-o por facho de esperança.

E o bem, será sempre o nosso maior abrigo.

A casa que edificamos, revelar-se-á, por refúgio e consolo, benção e paz, hoje a amanhã, agora e sempre.

Com votos de paz, do irmão de sempre,

Anselmo
por Roberto Caetano 
setembro / 2002

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