Considerações Sobre Sexualidade por Alexandre*


- O sexo tem sido tão aviltado pela maioria dos homens reencarnados na Crosta que é muito difícil para nós outros, por enquanto, elucidar o raciocínio humano, com referência ao assunto. 

Basta dizer que a união sexual entre a maioria dos homens e mulheres terrestres se aproxima demasiadamente das manifestações dessa natureza entre os irracionais. 

No capítulo de relações dessa espécie, há muita inconsciência criminosa e indiferença sistemática às leis divinas. 

Desse plano não seria razoável qualquer comentário de nossa parte.

Trata-se dum domínio de semibrutos, onde muitas inteligências admiráveis preferem demorar em baixas correntes evolutivas. 

É inegável que também aí funcionam as tarefas de abnegados construtores espirituais, que colaboram na formação básica dos corpos, destinados a servirem às entidades que reencarnam nesses círculos mais grosseiros. 

Entretanto, é preciso considerar que o serviço, em semelhante esfera, é levado a efeito em massa, com características de mecanismo primitivo. 

O amor, nesses planos mais baixos, é tal qual o ouro perdido em vasta quantidade de ganga , exigindo largo esforço e laboriosas experiências para revelar-se aos entendidos. 

Entre as criaturas, porém, que se encaminham, de fato, aos montes de elevação, a união sexual é muito diferente. 

Traduz a permuta sublime das energias perispirituais, simbolizando alimento divino para a inteligência e para o coração e força criadora não somente de filhos carnais, mas também de obras e realizações generosas da alma para a vida eterna.

- Lembre-se André, de que me referi a objetivos sagrados da Criação e não exclusivamente ao trabalho procriador. 

A procriação é um dos serviços que podem ser realizados por aquele que ama, sem ser o objeto exclusivo das uniões. 

O Espírito que odeia ou que se coloca em posição negativa, diante da Lei de Deus, não pode criar vida superior em parte alguma.


Compreendi que o problema era muito difícil de ser explanado, mas, como se quisesse desfazer todas as minhas dúvidas, o dedicado instrutor prosseguiu, após breve interrupção:


- É necessário deslocar a concepção do sexo, abstendo-nos de situá-la tão somente em determinados órgão do corpo transitório das criaturas.
Vejamos o sexo como qualidade positiva ou passiva, emissora ou receptora da alma. 

Chegados a esse entendimento, verificamos que toda manifestação sexual evolue com o ser. 

Enquanto nos mergulhamos no charco das vibrações pesadas e venenosas, experimentamos, nesse domínio, simplesmente sensações.

 À medida que nos dirigimos a caminho do equilíbrio, colhemos material de experiências proveitosas, oportunidades de retificação, força, conhecimento, alegria e poder. 

Em nos harmonizando com as leis supremas, encontramos a iluminação e a revelação, enquanto os Espíritos Superiores colhem os valores da Divindade. 

Substituamos as palavras << união sexual >> por << união de qualidades>> e observaremos que toda a vida universal se baseia nesse divino fenômeno, cuja causa reside no próprio Deus, Pai Criador de todas as coisas e de todos os seres.

- Essa << União de qualidades >>, entre os astros, chama-se magnetismo planetário da atração, entre as almas denomina-se amor, entre os elementos químicos é conhecida por afinidade. 

Não seria possível, portanto, reduzir semelhante fundamento da vida universal, circunscrevendo-o a meras atividades de certos órgãos do aparelho físico. 

A paternidade ou a maternidade são tarefas sublimes; não representam, porém, os únicos serviços divinos, no setor da Criação infinita. 

O apóstolo que produz no domínio da Virtude, da Ciência ou da Arte, vale-se dos mesmos princípios de troca, apenas com a diferença de planos, porque, para ele, a permuta de qualidades se verifica em esferas superiores. 

Há fecundações físicas e fecundações psíquicas. 

As primeiras exigem as disposições da forma, a fim de atenderem a exigências da vida, em caráter provisório, no campo das experiências necessárias. 

As segundas, porém, prescindem do cárcere de limitações e efetuam-se nos resplandecentes domínios da alma, em processo maravilhoso de eternidade. 

Quando nos referimos ao amor do Onipotente, quando sentimos sede da Divindade, nossos espíritos não procuram outra coisa senão a troca de qualidades com as esferas sublimes do Universo, sequiosos do Eterno Princípio Fecundante...

- É lamentável que a maioria dos nossos irmãos encarnados na Crosta tenha menosprezado as faculdades criativas do sexo, desviando-as para o vórtice de prazeres inferiores. 

Todos pagarão, porém, ceitil por ceitil, o que devem ao altar santificado, através de cuja porta receberam a graça de trabalhar e aprender na superfície da Terra. 

Todo ato criador está cheio de sagradas comoções da Divindade e são essas comoções sublimes da participação da alma, nos poderes criadores da Natureza, que os homens conduzem, imprevidentemente, para a zona do abuso e da viciação. 

Tentam arrastar a luz para as trevas e convertem os atos sexuais, profundamente veneráveis em todas as suas características, numa paixão viciosa tão deplorável como a embriaguez ou a mania do ópio. 

Entretanto, André, sem que os olhos mortais lhes observem as angústias retificadoras, todos os infelizes, em semelhantes despenhadeiro, são punidos severamente pela Natureza divina.

A essa altura das luminosas elucidações, sentindo que o respeitável amigo entraria em nova pausa, ousei interrogar:

- Mas não é o uso do sexo uma lei natural na esfera da Crosta ?

- Ninguém contesta esse caráter das manifestações sexuais nos círculos da carne, mas todas as leis naturais na experiência humana devem ser exercidas, como em toda parte, sobre as bases da lei universal do bem e da ordem. Quem foge ao bem, é defrontado pelo crime; quem foge à ordem, cai no desequilíbrio. 

As uniões sexuais, portanto, que se efetuem a distância desses sublimes imperativos, transformam-se em causas geradoras de sofrimento e perturbação. 

Ao demais, não devemos esquecer que o sexo, na existência humana, pode ser um dos instrumentos do amor, sem que o amor seja o sexo. 

Por isso mesmo, os homens e as mulheres, cuja alma se vai libertando dos cativeiros da forma física, escapam, gradativamente, do império absoluto das sensações carnais. 

Para eles, a união sexual orgânica vai deixando de ser uma imposição, porque aprendem a trocar os valores divinos da alma, entre si, alimentando-se reciprocamente, através de permutas magnéticas, não menos valiosas para os setores da criação infinita, gerando realizações espirituais para a eternidade gloriosa, sem qualquer exigência dos atritos celulares. 

Para esse gênero de criaturas, a união reconfortadora e sublime não se acha circunscrita à emotividade de alguns minutos, mas constitui a integração de alma com alma, através da vida inteira, no campo da Espiritualidade Superior. 

Diante dos fenômenos da presença física, bastam-lhes, na maioria das vezes, o olhar, a palavra, o simples gesto de carinho e compreensão, para que recebam o magnetismo criador do coração amado, impregnando-se de força e estímulo para as mais difíceis edificações.

Imprimiu Alexandre pequeno intervalo à palestra e, em seguida, abanando a cabeça, significativamente, observou:

- Não há criação sem fecundação. 

As formas físicas descendem das uniões físicas. 

As construções espirituais procedem das uniões espirituais. 

A obra do universo é filha de Deus. 

O sexo, portanto, como qualidade positiva ou passiva dos princípios e dos seres, é manifestação cósmica em todos os círculos evolutivos, até que venhamos a atingir o campo da Harmonia Perfeita, onde essas qualidades se equilibram no seio da Divindade.

- Com relação às uniões sexuais, de acordo com o seu parecer, todas elas são invioláveis?

- Isto não - aduziu o instrutor, atencioso, - você não deve esquecer que aludi aos << lares em base retas >>. 

Todos os encarnados que edificam o ninho conjugal, sobre a retidão, conquistam a presença de testemunhas respeitosas, que lhes garantem a privacidade dos atos mais íntimos, consolidando-lhes as fronteiras vibratórias e defendendo-as contra as forças menos dignas, tomando, por base de seus trabalhos, os pensamentos elevados que encontram no ambiente doméstico dos amigos; não ocorre o mesmo, entretanto, nas moradias, cujos proprietários escolhem baixas testemunhas espirituais, buscando-as em zonas inferiores. 

A esposa infiel aos princípios nobres da vida em comum e o esposo que põe sua casa em ligação com o meretrício, não devem esperar que seus atos afetivos permaneçam coroados de veneração e santidade. 

Suas relações mais íntimas são objeto de participação das desvairadas testemunhas que escolheram. 

Tornam-se vítimas inconscientes de grupos perversos, que lhes partilham as emoções de natureza fisiológica, induzindo-as à mais dolorosa viciação. 

Ainda que esses cônjuges infelizes estejam temporariamente catalogados no pináculo das posições sociais humanas, não poderão trair a miserável condição interior, sequiosos que vivem de prazeres criminosos, dominados de estranha e incoercível volúpia.

A resposta impressionante de Alexandre surpreendeu-me. 

Compreendi com mais intensidade que cada um de nós permanece com a própria escolha de situação, em todos os lugares. Todavia, nova questão surgia-me no cérebro e procurei movimentá-la, para melhor aclarar o raciocínio.

- Entendo a magnitude de suas elucidações - afirmei, respeitoso.

 - Entretanto, considerando o perigo de certas atitudes inferiores dos que assumem o compromisso da fundação de um lar, que condição, por exemplo, é a da esposa fiel e devotada, ante um marido desleal e aventureiro, no campo sexual? 

Permanecerá a mulher nobre e santa à mercê das criminosas testemunhas que o homem escolheu?

- Não ! - disse ele, veemente - o mau não pode perturbar o que é genuinamente bom. 

Em casos dessa espécie, a esposa garantirá o ambiente doméstico, embora isto lhe custe as mais difíceis abnegações e pesados sacrifícios.

 Os atos que lhe exijam a presença enobrecedora são sagrados, ainda que o companheiro, na vida comum, se tenha colocado em nível inferior aos brutos. 

Em situações como essa, no entanto, o marido imprevidente torna-se paulatinamente cego à virtude e converte-se por vezes no escravo integral das entidades perversas que tomou por testemunhas habituais, presentes em todos os seus caminhos e atividades fora do santuário da família.

Chegado a esse ponto, é muito difícil impedir-lhe a queda nos desfiladeiros fatais do crime e das trevas.


- Oh! meu Deus! - exclamei - quanto trabalho esperando o concurso das almas corajosas! Quanta ignorância a ser vencida !...

- Você diz bem - acrescentou o orientador, gravemente -, porque, de fato, a maioria das tragédias conjugais se transferem para além-túmulo, criando pavorosos infernos para aqueles que as viveram na Crosta do Mundo. 

É muito doloroso observar a extensão dos crimes perpetrados na existência carnal e ai dos desprevenidos que não se esforçam, a tempo, no sentido de combater as paixões baixas! angustioso lhes é aqui (no mundo espiritual) o despertar !...

(Alexandre é mentor Espiritual de André Luiz e está contido no Livro -
"Os Missionários da Luz" de autoria de André Luiz e psicografado por Francisco Cândido Xavier, páginas 198 a 209).
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