Evangelho no Lar

O esposo sempre fora rude e bastante grosso, brigava por tudo. 

A mãe, era uma mulher que vivia assustada, tremia só de pensar no  marido. 

Tivera com ele dois filhos: um que contava nove anos e outro com  quinze. 

Os meninos viviam reprimidos, pois eram constantemente espancados  pelo pai.

O mais velho nunca derramou uma lágrima, sempre dizia a  si mesmo que um dia ele daria um jeito na situação. E foi o que fizera. 

Um dia, ao chegar da escola, encontrou o pai, bêbado,  espancando a mãe que já estava desfalecida. 

Num gesto rápido, ele pegou uma  faca na cozinha e partiu para cima do pai. 

Seu ódio era tão intenso que não  conseguiu se controlar. Desfechou inúmeros golpes sobre o pai que caiu sem  vida. 

Pegou a mãe, coloco-a sobre a cama e viu que ela ainda estava viva,  afinal, a mãe não morrera!

Entregou a mãe aos cuidados de uma vizinha e saiu mundo  afora. Nunca iria se entregar a polícia. 

Na sua mente, ele não havia  cometido crime algum, era o pai ou sua mãe e, para ele, não havia o que  questionar: sua mãe estaria sempre em primeiro lugar. 

Fugira, pois não  queria ir para órgãos que abrigavam menores infratores. 

Foi para um sítio no  interior do Estado que pertencia alguns parentes de um seu amigo. 

Lá ficou por cinco anos. A polícia não havia tentado  acha-lo por muito tempo, pois como a mãe testemunhara a favor do filho e a  vizinhança relatou as espancamentos que sempre ocorria, definiu-se que o  crime ocorrera em legítima defesa. 

Mas o pobre garoto nem sequer havia  pensado nessa possibilidade. 

A saudade de casa era imensa e um dia ele resolveu  voltar. 

Encontrou a casa mais limpinha e sua mãe a costurar. 

Seu  irmão trabalhava como Office boy, mas durante a noite tinha pesadelos  horríveis com o pai.

Recebido de volta ao lar, a mãe procurou a defensoria pública para resolver, por definitivo, a questão da morte do marido. 

A  preocupação agora era apenas com o filho mais novo. Já havia procurado o  padre, a benzedeira, feito simpatias e nada. 

Um dia, a sobrinha da vizinha veio do interior passar uns  dias na casa da tia, ela deveria ir ao médico e fazer alguns exames. 

Em  conversação, soube dos pesadelos do menino e, questionada sobre o problema,  pois sua tia a sabia ser espírita, ela sugeriu a implantação do Culto do  Evangelho no Lar, como primeiro passo. 

Depois, se assim desejassem, poderiam  procurar um Centro Espírita, pois aquele jovem estava sofrendo pelo assédio  do espírito do pai.

Um tanto incrédula,resolvera experimentar. 

A jovem  explicou que deveria ser escolhido dia e hora para que esse culto pudesse se  realizar todas as semanas, sempre no mesmo dia e horário.

A sensação de alívio, de conforto que todos experimentaram foi algo inesquecível. 

Aquelas pessoas tão carentes, tão  sofridas, finalmente encontraram um momento de luz, de paz e de consolo.  

Resolveram seguir a doutrina espírita, não como a fonte que resolveria seus  problemas, porque não é assim que funciona, mas como uma fonte viva de amor,  paz e luz esclarecedoras e consoladoras.

O Espiritismo, vem, mais uma vez, nos mostrar ser uma  fonte inesgotável de bênçãos e consolo.

 Vem nos esclarecer que a morte só  tira a vida do corpo físico, que a vida continua e de lá, de onde  estivermos, continuaremos a ser o mesmo, com as mesmas virtudes e os mesmos  defeitos que tínhamos.

Cabendo a nós, vivos ou não, sermos responsáveis  pelos nossos atos e atitudes, pois a morte não nos dizima de nossas  obrigações, ao contrário, ela se revela com toda a sua plenitude.

Pelo espírito Lucas através da médium Eloilda Santos em 30.09.2001


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